Bom, como um tanto de pessoas, também fui ao novo restaurante do Baena e me diverti com algumas coisas por lá. Toalha de vinil, uma garçonete que eu já conhecia da porta do Music Box, a carinha de dois clientes vendo esta garçonete preparar um sorvete com azoto, a mistura de peças de louça sobre a mesa, o tremoço, o menu impresso num saquinho de papel que poderia ter sido qualquer saco de pipocas da minha infância em Ribeirão Preto.
Estive no Manifesto na última sexta, no almoço, por causa de uma seção de fotos suspensa, o que acabou por ser uma coisa bem bem boa pela experiência conjunta desse repasto. Depois da pequena volta, vamos lá.
O “Baena” (Luís), assim como o “Mário” (de Andrade) são pessoas que conheço pouco, e que admiro um tanto!! A coisa de não incluir uma segunda referencia, como sobrenome, ou nome, é por me permitir essa certa intimidade da minha parte e pelo que esses dois tem de bom na irreverência, luta, consistência e toda uma série de predicados que podem referenciar uma boa atuação no decorrer de suas vidas. Um já foi, o “Mário”, o outro está aí prá quem quiser ver e provar!!
Por não conhecer tanto o percurso do Luís “Baena”, é que não me impressiono tanto com isso ou aquilo em especial que surge na mesa - mas não sou tolo e sei que ele já andou muito por aí, mundo, e muito bem acompanhado, Paul Bocuse vai ser sempre uma boa companhia entre as panelas com toda certeza – e sento e como e e dou risadas junto com Luísa.
Prá mim Baena é a conversa roubada, a “Garoupa de Ipanema”, o fio da navalha, o bechamel bem feito, Arnold Schoenberg, o tempo corrido, o leão da montanha, a longevidade (João Hipólioto que o diga), um Dom Quixote feliz, é um medo daqueles que temos em arriscar um beijo na melhor amiga com receio de estragar a amizade (quem não teve essa dúvida que atire a primeira pedra).
Claro que o almoço não foi perfeito, não estávamos comendo um relógio suiço, foi bom, muito “legal”!!! Divertido, aquele tremoço com uma massa de won ton super crocante, a colher que escorregou da taça, a felicidade de Luisa com a sobremesa de chocolate, a cara de feliz do Baena por estar em casa atendendo duas conhecidas, o João saindo correndo do restaurante por qualquer motivo certamente relevante, afinal de contas, dessa parte “Baena & cia non stop” já ouvi falar bastante.
Me perguntaram sobre o que comi no restuarante, se como nos lugares prá ponderar o que faço ou saber o que os outros estão fazendo… comi e como. O que mais tem me chamado a atenção nos últimos tempos, principalmente em Lisboa, é comer na casa dos amigos ou conhecidos admirados, é o estar por perto, se não juntos. Comer bem que mau tem?? Mas tenho gostado muito mais de comer coisas das quais eu conheço um tiquinho da história atrás do prato, da pessoa que o imaginou, não de maneira precisa, mas que seja de forma que alimente minha fantasia de fazer coisas, isso é uma delicia prá mim.
E voltando lá atrás, oxalá quem se surpreenda com a comida do Baena, seja sempre numa perspectiva positiva, afinal de contas, como Schoenberg também, seu trabalho está super baseado em tradiões tradicionais de cozinha, e talvez toda essa modernidade/atualidade mude de novo, se atualize de outra forma em alguns anos, como aquele “Arnold”, Schoenberg que cozinhou sons que as pessoas acreditavam nunca terem ouvido com tal combinação, e ele dizia “está tudo lá atrás é só escutarem a história.
Escrevi esse “testículo” há umas duas semanas e enviem antes ao Luís para que desse uma olhada. A resposta está aí em baixo na íntegra.
“Ivan,
Palavras amigas são sempre inflaccionadas.
Só te posso agradecer a generosidade com que as escreveste e dizer-te que não sou merecedor dessas comparações.
Forte abraço,
Luís”
Num ato de molequegem, lembro que o Arnold Schoenberg lá não passou tanto tempo sendo o mais “moderno”, esquisito (em português), que voltou a fazer uma música mais `fácil`aos ouvidos. Se algo assim possa vir a acontecer, não creio que faça o Baena perder mais alguns dos seus fios de cabelo, entonces... Sentem-se como for e boa diversão!!
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