quinta-feira, 29 de julho de 2010

Ratos

Imaginarmo-nos sentados na mesa de um restaurante que tenha tido um rato na cozinha durante algum tempo é, certamente, motivo de repulsa prá muita gente. Acho que me causaria um certo constrangimento também, sem sombra de dúvida. Mas alguém já viu a caça à ratos em uma cozinha? Não tem cachorro perdigueiro, não vem o Miguel Sousa Tavares cuidar da questão, não tem relva e nem brisa de mata fresca húmida e simpática. É algo um bombocado macabro.

Estou aqui falando de ratos, mas na verdade são dos maiores, ratazanas. Daquelas que já vimos serem comidas por pessoas de países miseráveis de lá e de lá também. Não entendo nada de nada de caça, mas não consigo imaginar como encurralar um pato voando, um coelho de mato...mais fácil, mas tem a coisa da área: mato geralmente é maior que um canto de cozinha, e mesmo maior que uma cozinha inteira.

Não tem caçadeira, não tem aqueles cães, não tem glamour, não tem a turma que vai se encontrar em casa depois prá saborear o caçado. São ratoeiras, placas de papelão com uma super cola dispostas em torno do canto onde o bicho foi encurralado, e um sujeito, muitas vezes com vassoura e um tridende, garfo de churrasco, que seja. Isso prá mim tem uma cara de crueldade bem grande.

Detesto colocar questões e não apontar prá soluções viáveis e eficazes e eficientes e maravilhosas e tudo de bom prá aquele momento. E nem chego perto de dizer “que isso, deixa o ratinho lá! Os animais são como os donos, se for meigo, aquelas ratazanas que aparecem as vezes também serão como você!!” Não creio...

A estória do Ratattouille já me causou lágrimas, mas bicho em cozinha, regra geral, só entra morto (com exceção de ostras e cia). Por isso, vale bastante não dar brechas para que entrem os bichos que não são desejados. Sensibilidade é uma coisa curiosa. Morei um tempo na França chefiando uma cozinha muito tranquila, uma mistura enorme e bacana de pessoas! E lembro que uma estagiária alemã insistiu que desligássemos o `Aushivitz´ dos insetos, aquelas lâmpadas azuis que eletrocutam os insetos que as tocam, porque dizia que aquilo era tal e qual os judeus nos campos de concentração.

Adoro carnes fortes, defumadas, curadas, mas isso do matar animais me faz pensar de novo como que vou fazer prá não ter pena das folhas, de rúcula que adoro de paixão, das frutas cheias de suco, de maracujá louco de amarelo e muito ácido e muito doce... como viver de coisas que não foram mortas??! Pois é pois é pois é, e fiquem com Titãs.

http://www.youtube.com/watch?v=etTT5ElzuU8&feature=player_embedded

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Arturo Sandoval em San Sebastian e quarteto

Assisti esse trompetista há uns 16 anos atrás no Brasil, e agora, semana passada em San Sebastian, no fetivla de jazz de lá.
Um tempo completamente atrapalhado, chuva e frio no mês de julho, nada de restaurantes estrelados, mas muito bem acompanhado de uma constelação de múscos bons à solta pela cidade!!!








domingo, 25 de julho de 2010

Shibusa Shirazu Orchestra


Isso foi há uns dias atrás em San Sebastian. Festival de jazz, pintxos, inverno no verão e essa banda bem bem boa de segundo prato.







quarta-feira, 14 de julho de 2010

E o Radegundis se foi

Pois é pois é pois é!!!! Há uma semana ou duas atrás estava fazendo uma feira do peixe em Setúbal, saí na metade da tarde e fui ver o jogo do Brasil contra a Holanda, perdemos e a seleção voltou mais cedo prá casa. Voltei xingando um monte, era palavrão prá aqui e ali, depois de umas horas voltava eu prá casa desistindo de fazer a bendita feira por problemas de organização... e claro que soltei mais toda uma turma de palavrões falando com os responsáveis pela minha estada lá, sorte de todos que num tom de agressividade bem menor do que tinha quando falava da nossa derrota, para aquela queria a velha e conhecida Laranja Mecânica que sempre chega perto e nunca leva uma Copa do Mundo.

Há 3 dias soltei de novo toda uma turma reduzida de xingamentos aqui no teclado falando com o Ayrton, um amigo/conhecido/muito bom trompetista de longa data e poucos pessoais. Logo no início da conversa ele me pergunta “sabe que o Radega se foi?” De cara deve ter saído um `vai se fudê `ou algo assim, seguidos de caralhos, merda. O Radegundis não era meu pai, mas foi bem parecida a sensação muitos anos depois, a coisa da raiva por achar que alguém morreu muito antes da hora.

Um tiquinho de história. Conheci o Radega quando eu tinha 17 anos em Tatuí, num Encontro de Orquestras Jovens que aconteceu lá durante uns anos. Era 1987, janeiro ou Fevereiro. Depois o reencontrei em Maio em João Pessoa num curso de metais com Schlueter, que na época era o primeiro trompete da Sinfónica de Boston. Acho que já sentia que eu não ia muito longe como instrumentista, daí que curtia o ambiente e metia onde podia prá estar perto das pessoas que eu admirava. O Radega tocava no Quinteto Brass´il, junto com o Naílson e eram os dois com quem eu tinha maior proximidade, do jeito que eu era moleque, achava um pouco que podia ser bom ficar perto das ´estrelas´ do grupo, afinal de contas eram os primeiros mestres e doutores em seus instrumentos no Brasil, coisas de criança....A coisa andou fui prá faculdade e aqui e ali encontrava os ´meninos´.

Lembro de fazer greve em orquestra de festival reinvindicando melhorias e eles me apoiarem, de fazer uns concertos bacanas, bailes em Londrina, umas cervejas em Curitiba, as saladas em São João da Boa Vista, mas curto mais umas lembranças como a de comprar cuecas samba-canção praticamente toda vez que eu ia vê-los tocar e sem mostrava, principalmente pró Radega e o Naílson. E creio que a última vez que nos encontramos foi em Curitiba e eu já tinha deixado o trompete e estava cozinhando, quando chamaram a Luciana e eu prá fazermos um jantar prá um grupo de músicos de um festival que estava acontecendo em Curitiba. Dito e feito, mais uma situação engraçada com Radega!! Montamos um buffet e de comida simpática brasileira, vou à sala colocar uma colher na moqueca, quando ele, na minha frente, sem se virar muito, pede uma colher grande, me adianto e lhe entrego fazendo alguma brincadeira....e ele vira e solta uma das marcas características que era uma risada muito escancarada, risadas aqui e ali, cervejinhas e tempos depois venho prá Europa...

Acreditando ou não, que somos parte de uma grande energia que se manifesta concretamente em corpos humanos nesse planeta e que uma hora voltam prá algum lugar, o Radega voltou também, como a seleção brasileira do Dunga, como o seu António... só lamento muito que tenham voltado tão cedo!! Uma pequena consolação é que agora podemos usar daqui e dali de formas variadas e ficar com as partes escolhidas de cada um, e deixo a minha aqui.E como alguns amigos já sabem que assim que abrir meu espaço de restaurante a primeira carta vai ser somente de comidas de, e para, amigos, a moqueca de peixe com pirão de banana fica pro Radega.

http://www.youtube.com/watch?v=N1B_iOsVG4A&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=uvT81zS9qaI&feature=player_embedded#!

http://www.youtube.com/watch?v=cc7GwlqJsQ8&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=YFI5zH3XF58&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=nzFhppf7O80&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=cZxDNXuNGLg&feature=related