domingo, 28 de fevereiro de 2010

Santa coincidência, Batman!!!

E-mail lido com atraso, uma pequena confusão de telefonemas e estava lá, mais um jantar de encomenda pela A Vida é Bela. Estou no catálogo dessa turma desde 2004 e eles são indiretamente responsáveis por ter contato com umas pessoas muito legais: o Pedro e mulher e sogros e amigos da Beloura; o Adriano Tiago que faz um moscatel impressionante; o Reinaldo que é umas das pessoas mais ocupadas que já vi por aí e mega gentil, todos muito boa gente!! E no último sábado teve mais gente bacana.

Um telefonema com quem ia me receber em casa prá cozinhar , de maneira tão relaxada que me desconheci, e tudo certo as restrições alimentares e o completemento “comemos de tudo!”. Mandei as sugestões de vinho de acordo com o bacalhau e espargos brancos (que acabei de lembrar de onde saiu), o hambúrguer de borrego, a salada de ravioli de shiitake, o bom e velho risoto de azeite de trufa e limão e a fiel companheira sopa de chocolate numa nova variação. Só voltei a falar com a moça no sábado do jantar com ela me perguntando se estava “tudo certo”, e minha resposta, mesmo com coisas por terminar foi a de sempre, “claro!”

Não tenho qualquer dúvida de que é a comida, o sentar à mesa que tem me feito passar por essas situações simpáticas, mas meio que insisto em tirar um tanto da importância do que se come nesses casos, como que tentando valorizar mais as pessoas envolvidas (as relações), acho que ando num momento de interação afetiva maior. Depois das tradicionais voltas... Chegamos ao jantar, mas vale dizer que antes encontrei o André, pai novo de novo e que curte fotografias também, nós dois já trabalhamos juntos um tempo no Gemelli e eu adoraria voltar a estar com ele num espaço onde eu definisse como as coisas devessem acontecer, mas isso, com uma pausa prá respirar, é outra história.

Qualquer complicação prá estacionar, claro estamos em Lisboa, tocamos a campainha, Luísa achou a luz...e subimos as escadas. Abrem a porta e olho para quem acho que é o dono da casa com uma certeza absoluta e quase inequívoca de que poderia estar errado, mas achei muito que já o conhecia pela feição do rosto. Geralmente me atrapalho nessas situações porque o que vem na cabeça é sensação de ter passado algo com as pessoas que acho que conheço, e muitas vezes só foi uma situação parecida, mas com outra pessoa, segue.

Vamos prá cozinha, e depois de nos oferecer ajuda, o mesmo “dono da casa”, e termos cumprimentado a “moça” com quem falei ao telefone, isso com certeza por reconhecer o sotaque, vem a segunda fala do João (o “dono da casa”) “o que querem beber?” Foi a segunda vez na minha vida de cozinheiro que bebi antes de começar a cozinhar ... as coisas mudam. Como ando tentando ser mais relaxado, descansado no cozinhar, é óbvio que esqueci coisas em casa e Luísa sai prá resgatá-las. Nisso já tínhamos falados sobre os vinhos e falávamos do espumante que não parecia grande coisa, quando surge a lembrança dum Foss Marai que bebi em Roma há anos, e que talvez tenha sido a melhor experiência de lá. João e Cristina (a moça do telefone e da casa) e eu começamos a falar deste espumante e lembrar duma garrafa de magnun dele. Eu dizia que tinha tomado uma delas numa festa do Gemelli (estava equivocado, como descobri depois) e João disse que há tempos tinha aberto uma, “foi no casamento”. A “moça” levanta da cadeira e pega a garrafa e daí fez-se a luz: “foi no André!!” A minha garrafa de magnun de Foss Marai tinha sido a mesma deles, no casamento deles, no restaurante do André, que também gosta de fotos mas é outro.

Bom, nesse meio tempo entre saída de Luísa e “azeitação” na cozinha, chegou mais um convidado, passou um garoto pela cozinha falando do cheiro e a conversa foi andando e agora vou me perdendo nuns ivaneios.

Cozinhar é esse vai e vai de encontros e achismos certos e descertos, comecei esse texto há uns tantos dias, e pensei muito em ivanear nele, mas o que me fica daquele jantar, agora em mais um domingo com chuvas e frio aqui em Lisboa, é a lembrança do encontro inusitado. A probabilidade de voltarmos a nos encontrar não é pequena, já que cozinhar é intenção......... mas deixa a carruagem andar.