segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Lilás e Dalila

Definitivamente é muito bom estar com gente que gostamos por perto, e no que me toca estou adorando não ter mais saudades do Nuno, o `sujeito` que está numa foto lá em cima, algures!!!
Esse rapaz tem sabores de lembranças e coisas que não me importo nada em localizar, e nem saber onde se pode comprar mais, ou em que pé que nasce, porque acho que e um que amizades bacanas devem nascer quase que prontas numa árvore muito frondosa, daquelas que poderiam ser parecidas com o flamboyad da casa da tia Sílvia ou magrinha e delicada como a cerejeira japonesa, ou ainda, uma goiabeira, de goiaba vermelha claro.
Ando feliz por não ter mais saudades dele há uns dois meses, trabalhamos juntos, não dividimos a bancada, dividimos duas, as vezes três numa coisa de encontros e piadas, de um começar algo e o outro terminar, de gentilezas… numa boa, numa série de predicados bons. Esse é o primeiro sabor de marca desse passeio, de reencontro de amigos, que talvez nem saibam como são ou se tornaram, ou `sei lá, entende? Mas que estão ali quase todos os dias experienciando a experiência de dessa coisa pragmática e concreta e cheirosa e com gorduras…que é cozinhar, com wok, óleo, molho de ostra, manga.
O segundo e mais saboroso, como criança que deixa a melhor parte do doce pro final, é ver o Nuno com os pés fora do chão, pedindo `sapatinho de chumbo`, suspirando, cantando música meio brega,, rindo à toa. Mas amar é isso, é ser piegas, ficar perdido, querer encontrar, as vezes querer transformar em algo concreto e visível, palpável esse sentimento tão abstrato e tão visceral, lembra da barriga gelada, do coração acelerado? Já me peguei esses dias olhando prá ele, Nuno e lembrando de mim uns tantos anos atrás, mas como diz a turma do Karnak `o mundo muda, a gente muda...` continuo sentindo, só que de maneiras diferentes, mas como isso aqui não é prá mim, vamos retomar o rumo da prosa.
E esse e sabor tem nome endereço, mora numa ilha cercada de água por todos os lados, terra cheia de altos e baixos, praias de rocha, calor na costa, neve nos topos das montanhas, com uma diferença de meia hora de carro talvez. Não a conheço, mas como diz o ditado, `a felicidade de meu amigo, é a minha felicidade`, já estou louco de contente pela existência dessa moça que gosta de lilás, e verde e poder tocar de alguma forma essa avalanche de sentimentos, esse terreomoto afetuoso que está invadindo a cozinha onde estou, o Hugo, outro colega do restaurante chegou a dizer que Nuno seria como que um `gigante sereno`, pela tranquilidade e participação que tem no serviço, e agora, ver esse `gigante`, com sapatinhos de plumas e sorriso de adolescente na cara de manhã e de noite, me dá mais um gosto e gozo: quem não tem coisas das mais variadas dentro do peito? Quem não pode demonstrar e ser aceito?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Praga é jóia, peste!!!!

A Primavera de Praga foi o que foi em 1968, envolta num ambiente de busca de liberdades. A primavera em Praga, dizem ser linda! Mas esses dias por lá foram “simplesmente” muito bacanas, “simplesmente”lindos de tempo fechado e pouco sol, “simplesmente” quentes de emoções pessoais afetivas. Tudo muito simples, tudo muito legal!!

Chegamos, Luísa e eu, com a temperatura a -11º, segundona, pouco depois do almoço, ficaríamos até a próxima sexta-feira. Como a intenção aqui é ser bem curto, é o seguinte. A cidade em uma arquitetura muito lindinha na parte vellha, tem a turma do chocolate quente (que falado em curitibano fica bem engraçado), que as vezes não são os mesmos do vinho quente, as panquecas de batata que podem acompanhar os mesmos vendedores dali de trás…
Mas o grande barato prá mim foi voltar a comer salsicha com pão e mostarda de luva, por causa do frio, tomar uma cerveja louca de forte de 24º GL chamada Primator, nocauteadora! Essa cerveja é uma delícia de corpo e sabor na boca, pela força daria prá tomar naqueles copinhos de shot, ou num copo tipo vinho do porto. O vinho branco, companheiro de sempre num bar todo pequenino, perto da Casa da Música, com um papo à toa com um canadense engraçado, também caiu muito bem. Acho que essas foram as experiências gastronómicas mais fortes de sorrisos que tive por lá, mas…..
Ver, ouvir na sala do Rudolfinum, a Filamônica Checa tocando o Pássaro de Fogo, daquele senhor narigudo e competente, Igor Stravinsky, foi de matar de bom!!!!! Chegamos meio em cima da hora, deu tempo prá uma taça de champagne, por sorte o Pássaro era só na segunda parte, e no intervalo ainda rolaram mais dois copitos.
Quando começou o concerto ficar completemente absurdado com as cordas, “simplesmente” magníficas, como conjunto, de cores, os sopros não ficavam atrás, mas as cordas…E esse foi o melhor prato dos últimos tempos, como seria bom comer algo com tanto sabor, tão rico, tão único e `tão tão, entende?` Comida tem cor, tem movimento, tem ritmo, tem sons; e definitivamente, prá mim, que só compreendo um pouco melhor música, das manifestações artísticas, música tem sabor, tem cheiro, tem o ponto de cozedura, tem os molhos todos que envolvem aquelas combinações de ingredientes tão pequenos que são as notas (que poderiam ser as `notas` dos vinhos). Esse Stravinsky de quinta passada, foi a mistura mais bem misturada do sanduba de mortadela e rúcola do Maia Box, da manga do primeiro ano da escola, da salada de língua da Dona Cármen, de jaca madura, da surpresa de ir voltando a sentir coisas “simplesmente” boas, de novo.