quinta-feira, 26 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Muito bom, muito bem!!
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Gente de coragem
Com crise ou sem a chuva de lugares que abre por aí não pára, definitivamente o universo da restauração não está nunca em estiagem. Tem gente que diz que se abre um monte de lugares, mas muitas vezes as pessoas não têm experiência e o negócio acaba por não seguir bem. Por uma santa felicidade, Batman, há uns casos de sucesso na grande onda de espaços que apareceram por aí nos últimos tempos, se nos limitarmos há uns dois anos atrás, tem o café dos meninos austríacos no Chiado; o Alma; o 100 Maneiras reaberto no Bairro Alto; o Baena mais recentemente.
No que toca à turma com pouca experiência, há que admirar a coragem que têm! Você se meter num negócio, mesmo dominando a área não é bolinho, imagina se aventurar com comida só com boa vontade e apostando naquelas receitas que fez pros amigos em algumas reuniões? Eu comecei dessa forma e não aconselho a ninguém tal ato de coragem em algumas medidas mais altas, vale dizer: dinheiros, números de pessoas sentadas, impostos, clientes que não aparecem ....Mas como diz o ditado “se conselho fosse bom, a gente vendia!” Ou de repente, os meus é que não servem de nada.
A história da coragem dos pouco habilitados foi mais ou menos assim.Sentamos, ou nem sentamos, e perguntamos se tinham multibanco, ao que nos responderam de maneira toda graciosa “temos sim, desça as escadas primeira à direita, primeira à esquerda e está lá.” Começar com gracejos pode ser bacana prá um monte de gente, eu já não curto muito mais isso, é o meu lado velhinho. Volto do multibanco e minha namorada diz que não há espumante e nem vinho branco a copo (agora entra o som da buzina do Chacrinha), o que prá mim é ruim, segue. Pedimos uns petiscos, assim dávamos uma passeada pela carta, sardinha num escabeche leve, uma coisa de abacate (acho), e pedimos um prato que levava foie, aqui veio a surpresa grande. Ao que chega o prato na mesa, o cozinheiro nos diz que não havia foie, e põe o prato na mesa, achei o fim da picada. Não lembro de me avisarem que não tem um elemento importante dum prato na hora de me entregarem ele, isso foi bem chato.
Com isso ocorrido, comecei a trocar com minha parceira de mesa algumas observações sobre o espaço e as pessoas. Ah, uma coisa muito positiva foi a moça que fazia a sala, em algum momento nos perguntar se estamos gostando da música, caso contrario poderia trocar, muito bem sacado, pena que acabou por se perder no meio do serviço e no ambiente como um todo. Vamos lá.
A sala, como um todo, bem espaçosa, mas a coisa dos cuidados se perderam. Uma cortina se fazendo de porta prá sei lá o quê, teia de aranha no lustre, e quando disse isso à moça da sala (que é uma das proprietárias), ela me pergunta “mas qual o problema?” Com exceção de uns bivalves, lavagantes e família, não lembro de outros animais vivos num restaurante. Essa dona, estava num mini vestido, bonitas pernas e sorridente, mas de havaianas e unha mal pintada, não rola.
No pedir a conta, nosso prato de foie sem foie veio com o preço original, comentei isso com a moça achando pouco justo, ao que ouvimos “mas era só um pouquinho que ia.” Retorno dizendo que aguardei prá ver se cobrariam o mesmo valor, e como foi isso que passou achei uma pena não se desculparem, ao que ela retruca com umas coisas antes de pedir as desculpas e se oferecer pra me dar mais troco... “agora já foi.”
Lembrei que ainda pedimos uns fritos de milho, que diziam ser polenta e ter a forma de cubos, esperei algo crocante e em forma de cubos, não veio. Prá piorar o prato era servido numa taça que fazia com que os pedaços debaixo fossem massacrados pelo peso dos de cima, detalhes.... detalhes.
Taberna atípica, nome meio difícil de dizer, localização boa com carinha de futuro, espaço bacana, uma sandália de salto naquelas pernas, um passo atrás no à vontade, umas coisinhas de temperos no pratos prá finalizar: afinações, afinações. Me vem muito a imagem dos instrumentos de corda de orquestra, com aqueles afinadores mais finos, para um pequeno e singelo ajuste, mas do que me lembro dos tempos de músico, nem sempre tinha isso nos instrumentos de quem começava a estudar. O não ter experiência aumenta nossa lição de casa, acho eu. Tem que olhar mais do lado, procurar falhas, trocar experiências e tocar outras soluções que não as nossas, e isso dá um puta trabalho, mas que pode valer muiiiiiiiito a pena, “se a alma não é pequena!”